2 de out. de 2012

Se não contar como se faz, pra que fazer? Capítulo II


Mais uma vez a Ciência voltou à Rodoviária de BH. Crianças, jovens e adultos somaram mais de 30 mil pessoas circulando entre stands e muita informação. Todo mundo querendo saber mais um pouco sobre saúde e corpo humano, energia nuclear, doenças tropicais, princípios de física, química, minerais e rochas, e muito mais. Também se falou bastante sobre o tema principal da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em 2005: Terra, planeta água.

Outra coisa que chamou atenção foram as apresentações teatrais. A gente pode ver que o teatro despertava a curiosidade tanto dos estudantes que participavam do evento como também de vários transeuntes. Eles paravam um tempão e ficavam presos às cenas engraçadas. Com isso muita coisa séria era ouvida e quem sabe até repensada. Assuntos como o consumo exagerado, a poluição, a reciclagem, a dengue entraram na cachola de muita gente. E espero que só tenham saído de lá em forma de boas ideias e iniciativas.

Minha memória falha, pois já faz algum tempo.  Mas 2005 foi decisivo para que eu realmente me empenhasse mais em ajudar a divulgar a ciência. Ficar mais perto de onde se pensava e articulava sobre divulgação científica. Essa foi a estratégia. O ano seguinte prometia e mal sabia eu que os eventos da Semana Nacional não caberiam mais na rodoviária de BH. Para a alegria de outro lugar muito conhecido: O parque Municipal Américo Reneé Giannetti... 

1 de jul. de 2012

Se não contar como se faz, pra que fazer?



Capítulo I

Tudo começa em 2004. Era preciso que a administração da Rodoviária de Belo Horizonte apoiasse a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais para a realização da primeira Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Como assim? Viriam centenas de alunos de escolas públicas e particulares de BH e regiões próximas visitarem exposições sobre ciências num espaço destinado a passageiros ido e vindo de diversos lugares do Brasil. Era preciso um local delimitado. Ajudar a coordenadora do evento era o meu desafio. Receber mesas e cadeiras. Encontrar espaço para organizar muito material didático, experimentos, palestras, professores. Alunos chegando e partindo.

Eram cinco dias de exposições. Cada feira, outra instituição diferente. Saúde e corpo humano, doenças parasitárias, aplicações da energia nuclear e dos minerais no dia-a-dia das pessoas, experimentos animados de Física...

O alto falante anunciava. “Atenção senhores passageiros, fiquem atentos, partidas daqui a cinco minutos”. As pessoas se encantavam com o que as exposições contavam e se distraíam do horário do ônibus. Era um grande problema controlar tantas vozes, as crianças famintas por conhecimento e gente transitando o tempo todo.

Foi num mês de outubro que a Rodoviária de BH se transformou em uma grande sala de aula. E dessas pra lá de animada. No final, a sensação de que valera o esforço. E a vontade de fazer mais vezes aquilo. De ver quem não sabia quase nada de ciência se surpreender ao vê-la tão amiga, quase como alguém que toma café no copo de requeijão da sua casa. Ensinar que é preciso saber mais, ser curioso, enfrentar o medo de perguntar. E as pessoas queriam ser transformadas. Eu não esperava isso. Nunca tinha ouvido falar em popularizar a ciência!

Tive uma grande lição naquele ano. Aprendi que para organizar um evento era preciso primeiro muita vontade de todos os lados. De quem sedia o espaço. De quem ajudava a coordenação. De quem se propunha levar conhecimento. De quem queria visitar. A divulgação científica não acontece se cada um não tem um pouco pra doar. Um pouco de tempo, de paciência, de espírito de equipe, de flexibilidade, de curiosidade e principalmente, de amor.


E assim começou minha história com a Popularização da Ciência...

18 de mai. de 2011

Programa radiofônico Universo Fantástico




OLÁ MUNDO!

Universo Fantástico é um programa sobre ciência e tecnologia, curiosidades sobre o Universo e nosso planeta. Tudo falado de forma simples e de fácil entendimento.
Transmitido pela Rádio Inconfidência AM 880, às sextas, de 21 às 22 horas.





Entrevista com o coordenador do programa, Renato Las Casas. Ele é professor do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas e Coordenador do Grupo de Astronomia da UFMG e responsável pelo Observatório Frei Rosário na Serra da Piedade.



O Rádio é um veículo que atinge um número muito grande de pessoas, sendo que grande parte dessas pessoas muito dificilmente viriam até nós, na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Então, vamos até eles.
Procuramos passar informações para quem não sabe nada de ciência.


Não são fixas as proporções de tempos do programa destinados a cada tipo de público. Em alguns programas falamos muito para estudantes do 2o grau; em outros já falamos menos para esse público. . . As notícias da semana, o perfil do convidado, entre outras questões, vão definindo essas proporções.

Hoje, acredito que o nosso público é muitíssimo variado, tanto em faixa etária como em nível cultural e socioeconômico.


Não temos tido "dificuldades". Temos total apoio de toda a Rádio Inconfidência
Em breve o programa vai passar a ser reprisado no domingo a tarde. (http://goo.gl/YodxS)


Mariana, mande as dicas que tô querendo saber!



Contato:
Ou durante o programa, os telefones (31) 3298-3440 e 3298-3441.



Abraço,
Renato.

2 de mai. de 2011

ETNOCIÊNCIA



Vencedor do Prêmio Roquette-Pinto, o projeto Aldeias Sonoras é uma retomada do antigo projeto Progama de Indio, iniciado em 1985, e veiculado pela USP FM. Os idealizadores acreditam na importância do rádio na divulgação da cultura indígena e na aproximação entre os povos.


Entrevista com Angela Pappiani, Jornalista, escritora e produtora cultural, diretora da Ikorē – projetos culturais e artísticos, formação, trabalho, coordenadora do projeto Aldeias Sonoras

O Embrião
Há alguns anos estávamos pensando na retomada do projeto de rádio para divulgação da cultura indígena, mas o envolvimento com outros projetos em outras áreas de atuação nos desviava desse caminho. Há dois anos começamos a pensar num formato mais curto, com informações mais condensadas, muita música e arte, para trazer as tradições indígenas para um público amplo. Daí o formato de 10 minutos, com temáticas variadas, textos da tradição oral dos povos indígenas e muita música.

A Divulgação
A veiculação, dentro da proposta do Prêmio Roquette-Pinto, será coordenada pela ARPUB - Associação das Rádios Públicas do Brasil - para emissoras públicas em todo o país (os programas estão disponíveis para download no site www.arpub.org.br. Basta preencher um cadastro).
Somente neste mês os programas foram liberados para veiculação e estão disponíveis para download no site da instituição. Agora vamos fazer um trabalho de divulgação do projeto e estimular emissoras parceiras e organizações conhecidas para a veiculação. Em breve os programas estarão no site do Programa de Índio (www.programadeindio.org).


Público
Os programas ainda estão começando a ser veiculados e ainda não temos um retorno.
Mas nosso alvo são todos os públicos, de todas as idades, classes sociais, tradições culturais.

Dicas de Financiamentos
Fizemos o cadastramento do projeto para captação dentro da lei do ICMS em São Paulo. E vamos habilitar no Minc também. Estamos buscando apoio para dar continuidade ao projeto com a produção de mais 40 programas novos.


Contatos:

Angela Pappiani
011 - 3796 2418
011- 7651 5294
Skype - angelapappiani
www.ikore.com.br (site sendo finalizado)
http://palavrascriadoras.blogspot.com

14 de abr. de 2011

Programa “Cantores Bons de Bico” - Divulgação científica e enfoque sócio-ambiental




Surgiu como um trabalho final da disciplina de rádio, ministrada pela Profa. Dra. Gisela Swetlana Ortriwano, do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP, no Curso de Especialização em Divulgação Científica do Núcleo José Reis (NJR).

Chegou ao fim com quatorze meses de programação veiculada pela Rádio USP três vezes ao dia, às dez da manhã, às quatro da tarde e às duas da madrugada, rendendo uma boa resposta do público ouvinte.

Fórmula básica: utilização de músicas, descrição da ave e a veiculação do seu canto.



Entrevista com Ricardo Gandara Crede – Mestre em tecnologia nuclear, biólogo, com formação em marketing e especialista em divulgação científica


Público
O programa "Cantores Bons de Bico" despertou muito interesse dos ouvintes. Até recentemente eu recebia e-mails de pessoas querendo informações para a identificação de uma ou outra espécie de ave. Existem muitos apreciadores do canto das aves, grupos de ornitólogos amadores e observadores de aves. O Birdwatching é um "esporte" bastante popular em outros países e tem crescido muito no Brasil. O grande diferencial do programa de rádio é que usavamos a vocalização das aves para identificar as espécies. O que geralmente acontece é o uso de guias de campo, contendo ilustrações dos animais. Isso foi um diferencial do programa.

Nosso público era formado, além de universitários e acadêmicos, por muitas pessoas que relacionavam a rádio USP à educação e cultura. A rádio mantinha a posição de lanterninha da audiência na cidade de São Paulo, longe de um formato comercial, transmitia música popular brasileira (MPB) e tinha programação variada, mas sempre focada em atividades culturais e da vida acadêmica. Como o programa era veiculado 3 vezes ao dia, em rápidas inserções (formato de boletim radiofônico), pegávamos diferentes ouvintes, no período da manhã, tarde e início da madrugada.

Dificuldade X Estratégias
A maior estava no curto tempo para pesquisar músicas e relacioná-las às diversas espécies de aves. A idéia era trabalhar com músicas que fizessem referência ao animal, isso era muito complicado. Muitos programas foram feitos fora deste formato, mas era válido, estávamos numa rádio universitária. Prezávamos pela inovação ! Chegamos a montar um programa sobre frangos, usando como trilha sonora uma galinha cantando rock. Em um outro, especial de sete de setembro, não havia texto, inserimos apenas uma gravação do hino nacional, acompanhado pelo canto de diversas aves brasileiras.

Muitas eram as estratégias para desenvolver o interesse dos ouvintes. A própria música cumpria esse papel, quebrando o gelo e aproximando o texto mais técnico a questões do dia a dia e do emocional do ouvinte. Referência a personagens de desenho animado, ou a aves que aparecem em músicas ou hinos também eram feitas.

Oportunidades
O programa "Cantores Bons de Bico" foi criado no período em que eu estava no mestrado. Fiz a produção dos programas e a rádio USP ficou responsável por sua veiculação. Programas como este devem sem dúvida serem apresentados a empresas para possíveis patrocínios. É viável a divulgação científica como forma de marketing. No caso deste programa, a veiculação poderia ocorrer numa rádio comercial, com patrocínio de uma fábrica de rações. Ou ainda ser veiculado internamente em lojas de uma grande rede de petshop. O programa Cantores Bons de Bico terminou, mas imagino que seria interessante um acerto de sua página na internet, que foi montada na época da criação do site da rádio USP e precisa ser atualizada. Existe a possibilidade, já está em andamento, de desenvolver outros produtos com o mesmo nome, a partir do programa de rádio. Muitos professores solicitaram cópias do programa para a utilização em aulas de educação ambiental. Tenho muitas idéias para o rádio, principalmente depois de ter estudado marketing. Acredito num novo formato de divulgação científica em que as atividades podem ser desenvolvidas junto a veículos de comunicação de massa e o apoio da iniciativa privada

 
Outros projetos
Desenvolvi um projeto biográfico montado para o rádio e intitulado "Santos Dumont no Ar". Infelizmente nunca foi executado, mas foi aprovado por uma comissão interministerial em Brasília que organizou o centenário da aviação no Brasil. Fui trabalhar na iniciativa privada logo após encaminhar o projeto. O formato como o projeto foi apresentado era muito inovador. Gerado como um vídeo, continha todas as informações necessárias as quais poderiam ser facilmente apresentadas a possíveis patrocinadores em poucos minutos. Utilizando ferramentas usadas pelas radionovelas "Santos Dumont no Ar" também previa a inserção da biografia do pai da aviação em outras situações de grande importância e vulto para a ciência da época, contextualizando a história. Pode ser adaptado ao formato de radio novela. Santos Dumont deixou muita coisa escrita, e alguns materiais como o livro “O que Eu Vi, o que Nós Veremos” forneceriam material para um programa que em alguns trechos poderia ser encenado, utilizando instrumentos de rádio novela, como a fala de personagens, sonoplastia com o som do motor dos dirigíveis ou do vento.

Surpresas
Tive um caso inusitado em relação a uma música usada no programa. A rádio recebia muitos CD´s e gravações de cantores ou grupos que estavam começando. Num destes materiais, um CD com cara de gravação independente, havia uma música que batia com a temática de um dos programas. Conversei com o pessoal da discoteca, usamos um trecho da música daquele CD que havia sido deixado na rádio a poucos meses. Dia seguinte a veiculação do programa com a música, recebemos uma ligação. Queriam conversar com o produtor do programa. Parecia que ia rolar algum problema com direitos autorais ou coisa assim. Mas chegando ao telefone a reclamação era outra: "Quero reclamar que em seis meses que o CD ficou aí, ele nunca foi usado, agora que vocês tocaram uma música dele, tocaram pela metade!". Foi algo que não esperávamos.

Os direitos autorais das músicas utilizadas no "Cantores Bons de Bico" ficaram por conta da Rádio USP. As músicas apresentadas eram anotadas, indicando-se o seu uso (programa, tempo de veiculação), sendo passado a uma funcionária da rádio responsável por acertar todas estas questões de direitos autorais. Já as gravações com o canto das aves eram conseguidas de várias fontes. E surgiu mais um caso inusitado neste sentido. Apresentando a proposta dos programas a um colega biólogo, especialista nesta área, comentei alguns exemplos de programas a serem desenvolvidos. Daí ele me questionou, que a vocalização de uma das espécies que eu havia mencionado, somente ele tinha. Achei estranho, pois tinha uma vocalização daquela espécie, será que minha gravação estava errada ? Mostrei a ele, e estava certo, era a gravação daquele animal que só ele tinha, pior, era a gravação dele ! Detalhe, a gravação havia sido publicada na internet e já estava circulando entre biólogos e interessados no canto das aves!

A gravação da vocalização de aves de diversas espécies é algo que circula muito entre os biólogos que trabalham nesta área. Hoje com o surgimento de aparelhos celulares mais sofisticados, é raro o especialista da área cujo celular não tem toques imitando o canto de alguma ave, ou que possua gravações para usar como chama em atividades de campo. O uso de gravações (play-back) é muito comum para o desenvolvimento de atividades como inventariamento da avifauna. Emitindo gravações do canto das aves (chama), o biólogo consegue atrair indivíduos da mesma espécie que possam habitar aquela região. Em alguns casos, os machos são tão territorialistas que eles voam para cima do aparelho de som, podendo ser capturados com certa facilidade utilizando-se esta técnica.

Dicas sobre financiamentos e parcerias  
Uma dica importante é a forma como você apresenta seu trabalho. Me lembro de como chamei a atenção quando levei este projeto a um congresso. Não apresentei um projeto, ganhei o público veiculando alguns programas montados especificamente para aquela atividade. Variações dos “Cantores Bons de Bico” também já foram utilizados em diversas ocasiões. Aprendi muito com isso, todos projetos seguintes que realizei ganharam uma apresentação rápida em formato auto-executável do Power Point, contendo músicas e imagens. Quanto ao formato rádio, uma dica para quem está começando é buscar um veículo que esteja aberto a novos projetos. Além disso, é sempre bom lembrar que programas rápidos, os chamados boletins radiofônicos contendo entre 3 e 5 minutos são de mais fácil veiculação. Um dos grandes problemas hoje, principalmente nas rádios comerciais é conseguir um espaço na grade de programação.


Para ouvir todos os programas: http://www.radio.usp.br/especial.php?id=3

Contato: Ricardo Crede rgcrede@hotmail.com