30 de mar. de 2011

Programa Radiofônico: Verdades Inventadas


Gênero: Radionovela
Realização: LAbI, Laboratório Aberto de Interatividade da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Coordenação: Maithe Bertolini



O Projeto
Com a proposta de diversificar e ampliar nossa produção de conteúdos sobre cultura científica, vimos no Edital Roquette-Pinto a possibilidade de concretizar esta ideia na realização da radiodramaturgia Verdades Inventadas. As experiências imaginárias da personagem Laura surgiram a partir da ideia de produzir uma dramaturgia sobre formas de viajar no tempo. Através destas experiências pudemos colocá-la em contato com diversos personagens da história da ciência e da produção de conhecimento sem infringir conceitos científicos e sem cair em clichês dramaturgicos como "tudo não passou de um sonho". Um estudo diz que o sistema nervoso central é incapaz de distinguir uma experiência real de uma experiência imaginária se a pessoa (a dona do cérebro) souber do que se trata o objeto da experiência (ou seja, se ela já conhecer tal objeto). Partimos desta premissa para composição do universo imaginário que Laura, a personagem principal desta trama, explorará na rádio-dramaturgia "Verdades Inventadas".

Trabalhando com o imaginário
Para a compreensão como isso acontece, fazemos a seguinte proposta: pense num limão, bem verdinho, de casca lisa. Agora você corta o limão ao meio, até saiu um pouco de suco dele...
Agora imagine-se lambendo uma das metades do limão. Sentiu o azedo? Salivou? A produção de saliva é uma resposta real a um estímulo imaginário, ou seja, seu cérebro não distinguiu se você realmente estava lambendo um limão ou apenas imaginando que o estava fazendo. Mas isso só aconteceu porque você sabe que o limão é azedo e já salivou antes quando tomou aquela limonada sem açúcar. Isto quer dizer que podemos trabalhar com experiências imaginárias para gerar aprendizagens bem reais, e é esta a proposta de "Verdades Inventadas".

Público
Nas discussões da equipe sobre público-alvo sempre avaliamos que todos ouvintes são público em potencial. Acreditamos que na realização deste projeto teremos a oportunidade de atingir novos públicos e pautar questões relacionadas à construção do conhecimento através de experimentações no formato consolidado da radiodramaturgia, considerando que neste processo criativo tanto a Arte como a Ciência foram fundamentadoras da narrativa.

Repercussão
Até o momento, avaliamos positivamente. Paralelo ao lançamento na Radio UFSCar começamos a atualização diária do blog de Laura (viagensdalaura.wordpress.com) onde a personagem comenta suas aventuras e desenvolve um pouco mais os assuntos abordados em cada episódio. No primeiro dia atingimos cerca de 1500 visitas no blog e desde então mantemos uma média de 250 acessos diários. Através do blog começamos a dialogar com diversos ouvintes estabelecendo um canal de comunicação com os mesmos, entendendo como a radionovela é recebida, como os assuntos são abordados e repercutidos. A partir do blog tivemos a satisfação em saber que o material produzido está sendo usado por diversos professores em sala de aula e que estamos dialogando com estudantes por lá também.

Expectativas
Por enquanto discutimos a possibilidade de uma segunda temporada das experiências imaginárias de Laura e uma publicação no formato de contos, mas ainda não há nada definido.

Sobre O LAbI
O Laboratório Aberto de Interatividade da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, promove, desde 2006, iniciativas de divulgação científica e produção de conhecimento sobre essa prática. o LAbI está fundado nos conceitos de interdisciplinaridade, interatividade, construção colaborativa do conhecimento e relação entre Arte e Ciência como formas de elaboração de saberes.

Ao longo dos seus três anos de existência, estruturou suas atividades e sua equipe nas seguintes frentes de trabalho:

• Realização de oficinas de formação de pessoas, prospecção de conteúdo e construção colaborativa de instalações interativas com professores de Educação Superior e Básica;
• Concretização e exposição das instalações interativas de divulgação científica, acompanhadas de outros produtos de disseminação do conhecimento;
• Concepção e realização de produtos audiovisuais – vídeos educativos e programas de rádio;
• Realização do programa radiofônico Paideia, sobre cultura científica (veiculado semanalmente ao vivo em www.radio.ufscar.br e com podcast em http://programapaideia.wordpress.com);
• O videocast semanal Céu da Semana, com dicas de astronomia (http://www.youtube.com/user/labiufscar);
• Edição da revista eletrônica ClickCiência (www.clickciencia.ufscar.br).


Sobre o Prêmio Roquette-Pinto
A Associação das Rádios Públicas do Brasil (ARPUB) realizou, em 2010, a primeira edição do Prêmio Roquette-Pinto - I Concurso de Fomento à Produção de Programas Radiofônicos. A iniciativa é pioneira no país e conta com a parceria do Ministério da Cultura, através do Programa Nacional de Apoio à Cultura e com patrocínio da PETROBRAS. O concurso tem como objetivo apoiar a produção independente de obras radiofônicas e estimular a diversidade regional na produção de programas de rádio.

Fonte:


Contato:
Maithe Bertolini
Coordenadora de Criação do Laboratório Aberto de Interatividade - LAbI UFSCar
Produtora do Festival CONTATO
maithebertolini@gmail.com
16 33518929
16 91122526

11 de mar. de 2011

Editais de popularização da ciência e da tecnologia

Lançados principalmente pelas fundações de amparo à pesquisa dos estados, as FAPs, eles tem o objetivo de financiar projetos institucionais (propostos por museus, centros de ciências, universidades, institutos de pesquisa, organizações sem fins lucrativos) voltados para a educação científica da sociedade de forma geral. Para submeter o projeto, a proposta deve se encaixar nas linhas temáticas determinadas pelo edital. Essas linhas podem contemplar:
  • Instalação e estruturação ou aperfeiçoamento de centros, museus e parques de ciências, visando à expansão, a melhoria e qualidade do ensino de ciências, além de treinamento e capacitação de professores;
  • Realização de eventos e exposições itinerantes de ciência e tecnologia, organizadas por eixos temáticos, campos ou áreas do conhecimento para o público geral; 
  • Produção, desenvolvimento e avaliação de novas metodologias e/ou materiais educativos voltados para educadores e para a revitalização do ensino de ciências nos níveis médio e fundamental, sendo distribuídos gratuitamente;
  • Produção de conteúdo para promover a divulgação científica através da mídia (rádios e TVs universitárias
Assim, quem deseja ou já trabalha com divulgação científica, é importante ficar atento aos editais de popularização lançados pelo governo de seus respectivos estados.

 

Vale conferir:

http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=6998

 

http://www.fapesb.ba.gov.br/?page_id=4088

3 de mar. de 2011

Landell e a Ciência na Onda

Por Fábio Almeida*


Estamos no ano de 2011, a nave aporta emitindo três raios luminosos sobre as antenas mais altas da cidade. Se o escritor desta cena mudasse a data para o ano de 1900, a nave iria se conectar aos milhares de fios de telefonia instalados nas grandes cidades da época.

E talvez, a nave poderia encontrar o cientista Padre Roberto Landell de Moura, em São Paulo, na novata Avenida Paulista, ainda com ruas de terra, numa tarde de inverno fazendo a primeira transmissão pública de voz por aparelhos sem fios. Landell sabia, que a ciência estava na onda.

Depois de várias experiências com transmissores, que datam desde 1892, Landell resolveu realizar em 03 de junho de 1900, uma demonstração pública, que contou com a presença de autoridades como o vice-consul inglês Sir. Percy Charles Parmenter Lupton. As notas da imprensa da época descrevem uma transmissão de oito quilômetros, que é a distância entre a Avenida Paulista e a capela de Landell, no bairro de Santana. Já faz tempo, mas estes eram dois pontos altos que se destacavam na cidade.

O conceito de falar em um local e fazer a voz aparecer em outro, sem o uso de nenhuma concexão física e ainda realizado por um sacerdote foi mal compreendido na época. Estes fatos, tinham fundamentos técnicos porque Landell foi um grande estudioso de física e química, quando esteve com os jesuítas em Roma, na Itália. Mas, Landell relata que muitas vezes o acusaram de realizar ocultismo ou magia e chegaram até a destruir um de seus laboratórios.

Por outro lado, as autoridades e elite da época, mais ligadas à cultura econômica de exportação do café, talvez não eram evoluídos o suficiente para compreender o desenvolvimento que Landell propôs, e isso realizado há apenas doze anos após a queda do império no Brasil.

Hoje, vivemos a época dos transmissores sem fios. Rádios comunicadores, controles remotos e televisores são exemplos de aparelhos encontrados nos projetos que Landell realizou há mais de cem anos.

O conhecimento que Landell desenvolveu resultou em ondas eletromagnéticas, que são invisíveis, um conceito difícil para a época antes do período modernista brasileiro, e não foram compreendidas em seu tempo. Mas, hoje em pleno século XXI, com todas as ondas disponíveis, as pessoas de todos os países têm a oportunidade de promover a multiplicidade de conhecimentos, através do uso dos diversos transmissores portáteis existentes. O que permite que todos possam usar os aparelhos para emitir informações que anulem dogmas e neutralizem preconceitos. Pontos que são os grandes obstáculos para a difusão de conhecimentos no mundo.

É nesse sentido, que o documentário televisivo sobre Landell, que estamos realizando, não pode se resumir apenas a contar a injusta história do cientista brasileiro. Mas, o programa propõe um campo de reflexões, sobre as condições em que a ciência é transmitida e recebida, no nosso tempo tecnológico.

*Fábio Almeida - jornalista, diretor de vídeos de ciência e arte, criou o ciclo de palestras Ciencine e atualmente realiza projetos de documentários para produtoras, emissoras de TV e mídias móveis.


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Links para fotos:

Outras referências: